A pandemia e importância da advocacia na gestão de crises

Não é novidade que a pandemia do covid-19 não só colocou em risco, como, de fato, encerrou as atividades de milhares de empresários e sociedades empresárias país afora. A adoção recorrente de medidas restritivas de circulação de pessoas, limitação de horário de funcionamento ou até de proibição de atividades tidas como não essenciais, implica, cada vez mais, em queda da atividade e aumento da recessão econômica.

No campo jurídico a situação, por óbvio, não é diferente, sendo que os reflexos da pandemia ainda estão sendo mensurados e trazem um grande desafio para os operadores do direito. Isso porque, as diversas alterações legislativas que o atual momento de crise exige e a natural insegurança jurídica delas decorrente, além do estudo e atualização, inerentes ao dia-a-dia dos que militam na área, obriga esses profissionais a terem uma visão macro do direito e da atividade econômica em geral.

Especificamente no campo da advocacia empresarial e trabalhista, na qual uma grande parcela dos profissionais tem vocação para o litígio, a decisão pela judicialização das demandas deve ser resultado de estudos e debates que vão além do direito aplicável ao caso concreto, tendo em vista que, embora a grande maioria dos contratos e dos negócios jurídicos seja caracterizada pela bilateralidade, os reflexos surgidos a partir da resolução de uma controvérsia vão além das partes envolvidas. 

Demais disso, considerando-se que as decisões judiciais de mérito possuem limites objetivos e subjetivos que nem sempre trazem o resultado almejado pelas partes envolvidas, a busca pela conciliação, mediação e outros mecanismos de solução consensual de conflitos, dentro desse universo de incertezas, mostra-se o caminho mais indicado para a consecução de um ambiente de equilíbrio econômico e social. 

O fato, reitere-se, é que mais do que conhecimento jurídico, o atual momento exige experiência e conhecimento multidisciplinar dos advogados para cada situação de negócio, tudo com o objetivo de auxiliar na contenção dos impactos da crise, minimizar prejuízos, resguardar a manutenção dos negócios, além de preservar a reputação das empresas.

Portanto, a covid-19 trouxe para a advocacia o desafio de se mostrar para o cliente como um investimento e não uma despesa, ou seja, o advogado deve ser um aliado na gestão da crise e não simplesmente oferecer soluções pontuais. Em outras palavras, a figura do advogado operador de litígios passa a vez para o advogado consultor e parceiro estratégico de negócios. 

 Fonte: 1 - https://brasil.elpais.com/brasil/2020-07-19/716000-empresas-fecharam-as-portas-desde-o-inicio-da-pandemia-no-brasil-segundo-o-ibge.html